Como já referido, a economia portuguesa atravessava, nos finais do século XIX, um momento profundamente difícil.
Esta situação financeira frágil, foi determinada por factores externos. Porém, a principal causa foi a política económica empreendida pela Regeneração. Esta caracterizava-se pelas bases frágeis em que se alicerçou aliadas ao livre-cambismo.
Vários problemas foram surgindo por este motivo. Pode, portanto, afirmar-se que o crítico Oliveira Martins viu as suas pervisões concretizarem-se: o país foi, de facto, inundado por produtos estrangeiros, que, por serem provenientes de países industrializados da Europa, chegavam em melhores condições e preços.
A par desta situação, podem enumerar-se outras, como:
- Apesar da abertura proporcionada pelo livre-cambismo às exportações agrícolas, os seus principais mercados fecharam-lhe as portas. Tal foi provocado, principalmente, pela concorrência de outras nações (por exemplo, Inglaterra deixou de importar vinho do Douro, preferindo o xerez espanhol) e, ainda, pela praga da filoxera que dizimou os campos vinícolas.
- O aumento da importação de produtos industriais, visto que o take-off português em nada se comparou aos progressos industriais de outros países europeus;
- O pedido de empréstimos sucessivos que fez aumentar a dívida pública. A agravar a situação, o principal fiador do Estado, o banco Baring & Brothers, abriu falência, após concordarem com um empréstimo elevadíssimo ao nosso país, em 1890;
- A diminuição do envio de remessas dos emigrante brasileiros, por causa das dificuldades económicas provocadas pela proclamação da República e a abolição da escravatura.
Os gráficos seguintes retratam o resultado da conjugação destes factores: uma grave e profunda crise económica.
Balança comercial portuguesa, 1866-1904 (contos de réis). |
- As importações são superiores às exportações (balança comercial negativa), durante as últimas décadas do século XIX;
- Atentando no período entre 1880-90, conclui-se que, este foi o pico da depressão (foi durante este período que se instalou a crise finaceira).
Défice português na segunda metade do século XIX (contos de réis). |
- Entre 1880 e 1890, o défice público atingiu valores elevadíssimos.
Deste modo, em 1892, incapaz de solucionar a gravíssima situação financeira da nação, o Estado português declarou a bancarrota.
Fonte:
ROSAS, Maria Monterroso, COUTO, Célia Pinto do, O Tempo da História, 3ª parte, 1ª edição, Porto, Porto Editora
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